O hall de entrada do Centro Vocacional Tecnológico (CVT) Fortaleza foi transformado em galeria de arte com a exposição dos quadros produzidos pelo aluno Matheus Gonçalves, de 24 anos. O talento para as artes visuais e o interesse pelo design foi percebido pela coordenação da unidade, que resolveu valorizar e estimular o trabalho do jovem. Mais do que isso, a atitude faz parte do acolhimento e inclusão promovidos pelo Centec a alunos neurodivergentes da educação profissional.
Matheus é autista e chegou ao CVT Fortaleza encaminhado pelo Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) Prof. José Neudson Braga. Ele participa das Trilhas Formativas voltadas para o conhecimento em tecnologias, que fazem parte do projeto Conexão Futuro.
Estimulado pelo ambiente acolhedor, empático e compreensivo que encontrou no CVT Fortaleza, o comportamento do Matheus vem sendo notado no esforço que ele demonstra ao que é ensinado nas aulas. Isso é influenciado também por ser uma área que ele gosta – o design. Matheus explica que vai fazendo novas descobertas sozinho, colocando em prática o que aprende na sala de aula. Assim, as barreiras vão, aos poucos, diminuindo.
“Foi uma ótima oportunidade para mim e, mesmo antes de terminar, já estou ansioso para começar a trabalhar. Já me matriculei na segunda parte do curso, que é focada em desenvolvimento de games e inclusão no mercado de games”, ressalta Matheus.
Além de despertar seu interesse profissional, o curso tem proporcionado a Matheus avanços significativos. É o que conta seu pai, João Batista, de quem recebe apoio incondicional e que o acompanha nas diversas atividades que o jovem realiza.
“Por ser formado por um grupo com o mesmo interesse ou bem parecido, o curso tem transformado a socialização do Matheus. Tem também pessoas diferentes com quem ele está gostando de conviver muito, então isso foi um avanço enorme. E isso é importante na educação profissional, porque ele não tem profissão ainda, pois a questão do trabalho é uma coisa que a gente sempre tem pensado em casa”, relata ele.
Para além do acolhimento e visando a qualificação da equipe, o Centec promoveu um curso de Educação Inclusiva para todos os colaboradores da Rede, ministrado pela professora Soraya Nunes, mestre em Psicologia. As aulas foram realizadas de forma on-line, abordando conceitos fundamentais de inclusão e acessibilidade voltados para o ambiente escolar e corporativo.
De acordo com a pedagoga da Diretoria de Extensão Tecnológica e Inovação (Deti), Suyanne Gisele, os alunos aprenderam sobre as práticas inclusivas e as políticas públicas adotadas nas demais unidades do Instituto. “Ao todo, 70 colaboradores participaram do programa, desde recepcionistas até professores. Nosso objetivo é fazer com que a educação inclusiva seja uma política institucional que proporcione um ambiente adequado com condições de infraestrutura, material e equipe técnica pedagógica”, destaca.
Ainda segundo Suyanne, a previsão é que a Rede Centec realize o curso em todas as unidades operacionais até 2025. “É nosso papel dar suporte à equipe para receber aquele aluno com deficiência ou transtorno, porque queremos que ele se sinta aceito. Por isso, estamos traçando estratégias pedagógicas para fortalecer a educação inclusiva aqui no Centec”, pontua.